17 de abril de 2011

Entre a discriminação, o preconceito e a opinião


Mais uma vez a massa (sociedade), de mãos dadas, caminha de um extremo ao outro - como o pêndulo de um relógio. Não consegue parar no meio do caminho, ponderar as coisas, e achar uma posição equilibrada. Porque sequer pára para pensar se existe um meio-termo; sequer reflite, sequer questiona. Simplesmente segue supostas verdades de olhos fechados, sem saber para onde vai.

São muitos os assuntos em relação aos quais isso acontece. Mas, hoje, vou adentrar, especificamente, no da homossexualidade. Tenho consciência das pedradas que posso levar daqueles que não vão entender o que eu digo; mas vale a pena cada palavra pelos que vão entender.
Honestamente, meu objetivo aqui não é trazer à tona a tão polêmica, infindável e já defasada discussão de se ser contra ou a favor (pelos motivos já citados nesta mesma frase). A questão aqui é outra: alertar para a confusão que se tem feito entre se ter preconceito, discriminar e ter opinião diferente em relação a um determinado assunto.. Pois, embora no dicionário (vide) sejam coisas diferentes, estão sendo tratadas como iguais - pelo menos ante o tema em questão.

Vamos às definições:
TER PRECONCEITO significa ter um conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados. Sendo assim, essa característica pode ser atribuída, diga-se de passagem, aos mal-informados de plantão - que, sim, infelizmente, são maioria - que ficam na cômoda posição de julgar o que desconhecem. Mas é, também, sinônimo de atitudes discriminatórias, manifestações hostis ou desprezo pelo diferente.

DISCRIMINAR, por sua vez, significa "separar", tratar com diferença ou, popularmente, "tratar mal" a outro de quem se discorda por alguma razão (semelhante ao preconceito, na prática).

OPINAR é sinônimo de expor o que se pensa ou entende.

A diferença entre esses três não vem sendo considerada, pois a verdade é que ter opinião contra questões que envolvem a prática homossexual se tornou algo socialmente não aceito: porque está sendo confundido com ato discriminatório. E não o é. Só pra citar um exemplo, uma pessoa pode não ser a favor da adoção de crianças por pares do mesmo sexo sem, e, no entanto, tratá-los com o mesmo respeito e amor com que aos demais.

E parece que existe um discurso implícito nessa confusão: "Tomamos consciência do quanto os homossexuais já sofreram muito com a discriminação social e de que ter preconceito é errado. Então, agora, vamos ser todos politicamente corretos e fazer de tudo para deixar claro para o mundo que somos democráticos e lidamos exemplarmente com as diferenças, custe isso o que custar!"

É a partir de "conclusões" extremistas (que vão de um extremo a outro) como esta que surgem "soluções" extremistas, como, por exemplo, o projeto do Governo Federal que deverá entrar em vigor no próximo ano, onde um "Kit de combate à homofobia" - ou "Kit Gay", como ficou popularmente conhecido - será distribuído nas escolas, para crianças de 7 a 10 anos (!!!) de idade. Para os detalhes, por favor, assistam a este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=I6qo0Tc4CcA&sns=fb

Ok! Discutir a discriminação e o preconceito na escola em relação a qualquer pessoa, a fim de combatê-los, é certo e adequado! No entanto, medidas como esta, passam de simplesmente discutir a, praticamente, fazer apologia. Dizer a crianças (principalmente nesta faixa-etária) que podem seguir uma orientação sexual diferente da sua (biologicamente falando) não é necessário, adequado, nem educativo, e nada tem a ver com combater o preconceito aos que seguem. A coisa pode e deve, portanto, ser feita por outro viés: ensinando o respeito e amor pelo próximo, seja ele quem for (de qualquer raça, situação econômica, nacionalidade, crença, escolaridade, ou orientação sexual) e independente de você estar de acordo ou não, achar certas ou erradas, melhores ou piores as suas escolhas! Respeito independe de diferenças; independe da sua opinião!

“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei.” (Jo 15,12).

Convém lembrar, ainda, que amar não significa estar de acordo com tudo que uma pessoa pensa, é, diz ou faz. As coisas podem, portanto, tranquilamente, andar juntas. No entanto, deixa de ser amor, sim, quando contém os elementos da discriminação.

A nossa sociedade evoluiu no sentido de reprimir atitudes discriminatórias e combater o preconceito. Mas regrediu e deixou, igualmente, de ser democrática, ao criar preconceito, reprimir e classificar como homofóbico quem não considera a homossexualidade algo natural. Pois concordar ou discordar é direito de qualquer ser humano (ou será que estamos formulando uma espécie de ditadura disfarçada de democracia e adaptada à contemporaneidade?) e, em si, NÃO É sinônimo de discriminar! Apenas demonstra que podemos ter visões diferentes a respeito das coisas. O que deve ser combatido é o ato de discordar somado ao de se agir com preconceito ou discriminação. Separemos as coisas, pois.