2 de fevereiro de 2012

Porque nos amou primeiro

Recentemente li um texto, publicado em uma rede social por um pastor conhecido no meio evangélico, que, de maneira bastante sutil - mascarada de boa intenção e misericórdia - acabava por ser preconceituoso e hostil com ateus. O texto seguia a linha de comparação, muito comum, de "ser cristão é tudo de bom versus ser ateu é tudo de ruim" e chegou mesmo a afirmar que ser ateu é ser um "nada". O tipo de coisa que só faz o "crente" que se considera melhor do que os que não o são ou não se afirmam como tais, e demonstra que realmente foi ele quem não entendeu nada: que é um pecador, que vive ofendendo a santidade de Deus e que não possui mérito algum na sua salvação, mas que, se a obteve, foi única e exclusivamente pela Graça de Deus, que o alcançou - pelo sacrifício de Jesus! (ênfase: dEle!)
Não escondo minha indignação, portanto, com esta postura partindo de qualquer pessoa que se afirme cristã - e, como era de se esperar, neste tipo de publicação logo aparece uma avalanche de "crentes" "curtindo" e deixando comentários elogiosos.
Por questões éticas, mas, principalmente, porque o objetivo não é atacar pessoas, e, sim, a ideia/postura, bem como nos levar a uma pequena reflexão a respeito deste assunto,  não citarei nomes, nem compartilharei a referida publicação aqui (para a decepção dos curiosos). E ainda, porque, infelizmente, esta é apenas uma, de inúmeras situações semelhantes que presenciamos no nosso dia-a-dia no meio "cristão". 

Ocorreu que, até onde acompanhei os comentários, só vi dezenas e mais dezenas de pessoas concordando com o tal pastor, e comecei, desesperadamente, a procurar, ali no meio, algum crente que se posicionasse diferente: eis que não encontrei uma "alma viva" sequer! Foi então, que deixei a breve reflexão (comentário) abaixo, que resume o que quero dizer aqui:

"Honestamente, acho que perdemos muito tempo e damos péssimo exemplo quando (e se) falamos mal dos ateus e/ou de suas crenças ou descrenças. Nossa função (a ordem dada por Jesus) é vivermos e pregarmos o Evangelho - tudo o que fazemos além disso, foge do que Deus espera de nós - ou, utilizando uma palavra que gostamos bastante de usar, é pecadoÉ bastante importante lembrarmos que devemos amor e respeito a todos, e que isso independe de concordarmos ou não com suas formas de pensar, crer, ser ou agir - mas é curioso como, em dados momentos, parece que a maioria de nós simplesmente ignora isso, que é um mandamento.

Pregarmos o Evangelho com nossas vidas, de fato, será muito mais coerente e eficiente!
Quem sabe, reconhecendo amor em nossos olhos e gestos (na relação conosco), ateus ou quaisquer outras pessoas, não comecem, não a entender, mas, o que é mais importante, a sentir a existência de Deus através de nossas vidas? Ou será que andamos inseguros (de que transmitiremos amor e das nossas certezas) a ponto de evitarmos até mesmo a convivência com essas outras pessoas?
Não há quem resista ao amor de Jesus, quando dele experimenta! A chance de dúvida das certezas de um cético, se surgir, surgirá da experiência, e não da lógica! Por acaso não foi assim conosco, cristãos? Ou será que Jesus nos 'convenceu' com argumentos e sem amor? Afinal, como diz 1 João 4:19, 'nós O amamos porque Ele nos amou primeiro'. Se não manifestarmos respeito ou amor por pessoas que não conhecem o Evangelho, poderemos, portanto, esperar que elas estejam dispostas a ouvir o que temos a dizer? Você, honestamente, se interessaria pelas ideias de alguém que demonstra intolerância e desrespeito com as pessoas e com você? E, se não nos ouvirem, como, então, estaremos cumprindo com o "ide"? E, se não cumprirmos, e se não amarmos, como então, podemos nos dizer cristãos? Que Cristo tenha misericórdia de nós."