8 de fevereiro de 2010

Se não for para amar, nem saia do lugar!


Se não for para amar, nem saia do lugar!

"Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar as montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada. Poderia dar tudo o que tenho e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado, mas, se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria nada. Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Quem ama não é grosseiro nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas. Quem ama não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência. O amor é eterno. Existem mensagens espirituais, porém elas durarão pouco. Existe o dom de falar em línguas estranhas, mas acabará logo. Existe o conhecimento, mas também terminará. Pois os nossos dons de conhecimento e as nossas mensagens espirituais são imperfeitos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou adulto, parei de agir como criança.O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus. Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor." (I Coríntios 13)


Difícil quem não conheça pelo menos alguma frase dessa passagem. Bíblica. Não, não se trata de algo composto pelo Renato Russo, nem mesmo de uma idéia brilhante de Luiz Vaz de Camões. O que eles fizeram foi, no máximo, dizer com outras palavras o que já estava escrito há milhares de anos.

Mas, bem, vamos ao ponto.
O ser humano, de um modo geral (aqui, desconsideremos algumas anomalias psicológicas da personalidade) está sempre na busca, consciente ou inconscientemente, por aceitação.
Aqueles que se afirmam pessoas absolutamente “despreocupadas” com a opinião alheia estão, antes de qualquer coisa, enganando a si mesmos – e bem provavelmente, devido a uma ou mais possíveis decepções sofridas justamente ao confiar nos outros.
Você pode, até mesmo, ser parte de uma minoria (de um grupo que vai de encontro aos valores e comportamentos, de uma maioria esmagadora); mas essa minoria existe e, sem ela, você não sobreviveria (pelo menos não em sã consciência). Essa “minoria”, em alguns casos, pode ser, até mesmo, a sua família nuclear, ou amigos, companheiros de festas, pessoas que compartilham de ideais e valores semelhantes, da mesma fé, não importa, ela nos faz saber que fazemos parte de um grupo com o qual nos identificamos, que nos entende, e que NOS ACEITA!

Não fomos feitos para vivermos sós. O ser humano, inquestionavelmente, foi criado para se relacionar, uma vez que, dentre as espécies, é a que nasce com maior grau de dependência dos seus criadores para sobreviver. E, embora, depois de crescidos, às vezes relutemos, quando bate aquela vontade de não precisar de ninguém pra nada, as circunstâncias provam que isso parece impossível. Ironicamente, quando envelhecemos, voltamos à condição de semi ou total dependência do próximo. Ou seja, apesar de toda a tendência egoísta, egóica, egocêntrica que habita em nós, aquele que criou o ser humano literalmente valoriza muito a arte de se relacionar, e de nos ajudarmos mutuamente. Uma arte, porque é uma luta entre precisar aceitar as limitações que a presença do outro nos impõe – precisar dividir o espaço, medir as conseqüências das nossas atitudes sobre esse outro – e a certeza de que ela é fundamental à nossa existência, e de desfrutarmos do prazer de compartilhar nossas felizes e infelicidades. É um precisar reajustar-se constante e mútuo, de forma a buscar o equilíbrio que proporcione o melhor possível para todos.

Ouso dizer, porém, que a aceitação que buscamos, ou, no mínimo, de que PRECISAMOS não necessariamente se trata daquela em que as pessoas envolvidas sejam coniventes com todas nossas “manias e defeitos”, mas daquela que tem como base o AMOR: que ajuda a crescer, a melhorar, a ser saudável; ou, em outras palavras, o amor VERDADEIRO, QUE DISCIPLINA! Observemos, por exemplo, as crianças: é possível ver que aquelas que não recebem limites dos pais, crescem relativamente revoltadas, inquietas, nervosas. Essa suposta “liberdade” para fazer o que bem “entendem”, na verdade, se torna uma prisão,um cárcere de insegurança, pois criança precisa, na verdade, é de direção, não entende nada e não tem absoluta capacidade de fazer suas escolhas; e o fato de vermos pais “modernos” agindo como se pudesse ser diferente, só mostra que, em algum momento, as crianças inseguras foram eles. Achei que convinha ressaltar aqui, que não estou fazendo nenhum tipo de afirmação que compare uma criança a um robô: embora ainda não tenham a capacidade para processar intelectualmente algumas coisas, elas SENTEM tudo que acontece à sua volta e são tão afetadas – positiva ou negativamente - pelas circunstâncias como nós; e possuem vontades próprias, mas a diferença consiste em que ainda não têm a noção necessária dos limites, até mesmo para que não coloquem suas vidas em risco. Mas, enfim, resumindo, está mais do que estudado e comprovado que crianças que crescem num ambiente disicplinado, com limites, com valores sólidos e claramente definidos, que recebem a correção (ou, a direção) dos criadores quando rumam para o “lado errado”, crescem mais felizes, seguras e tranqüilas.

Pois bem, depois que crescemos, não é diferente. As pessoas precisam de relacionamentos (seja familiar, amizade, conjugal, não importa) que lhes permitam, EM PRIMEIRO LUGAR, se sentirem AMADAS como são. Secundariamente, no íntimo de cada um, talvez até exista a consciência de que, em algumas coisas, precisa-se de apoio e direção para melhorar ou até mudar (talvez a forma de agir, de se relacionar, de encarar o mundo, quem sabe até os valores), mas uma coisa é certa: ela precisa, primeiramente, certificar-se de que é respeitada e valorizada na sua identidade!

Outra coisa importante de se considerar é que, de um modo geral, quando duas pessoas ainda não se conhecem bem, na verdade, não há razões para uma dar muito crédito às intenções e dizeres da outra. Até um segundo (ou terceiro, quarto, quinto...) momento, prevalece um certo grau de defesa, o que não passa de uma questão de sobrevivência, pois, embora não possamos viver sozinhos, também precisamos saber que as intenções dos que com quem nos rodeiam são as melhores e, mais do que isso, que são seguras, para não cairmos em "terreno inimigo". Com o tempo, a tendência é surgir a confiança, os ajustes mútos, mas isso, QUANDO não acontece o que, com muita frequência, nos impede de conhecermos verdadeiramente muitas pessoas maravilhosas: a nossa propensão a chegar "medindo", analisando, "dando preço", ou, em outras palavras, JULGANDO e criando PRÉ-CONCEITOS. Preconceito é algo que tem com aquilo que não se conhece ou não se entende! Se o outro perceber que é essa a sua postura, querido, desista de qualquer tentativa de levar um possível relacionamento adiante, pois a primeira impressão, ainda é que, quase sempre FICA!

Pois bem, entendo que é exatamente por isso que a Bíblia deixa bem claro que, não importa o que fizermos, se não for com AMOR, de absolutamente NADA adiantará!

Mas que amor é esse? O que ele é, uma utopia, algo que só existe nos filmes de cinderela e contos de fadas, nos sonhos??
Não! Ele, às vezes, parece distante, pela nossa dificuldade em alcançá-lo, mas a verdade é que o VERDADEIRO AMOR (ágape) é apenas um sentimento que brota, espontâneo, quando cai a venda dos nossos olhos que nos faz pensar que alguém tem menos valor do que nós; ou, em outras palavras, que somos melhores do que alguém!

Esse amor não depende de conhecer profundamente uma pessoa, basta reconhecermos que ela é tão especial perante os olhos de Deus quanto nós. Sim, falo do Deus JUSTO em que creio;aquele de quem falo na postagem "Deus e o mal", que nada tem a ver com a desigualdade gerada pelos interesses humanos egoístas.

O amor que vem de Deus, puro e verdadeiro, nos faz entender que Ele não faz acepção de pessoas (Atos 10.34). E esse sentimento tem um poder tamanho supreendente, que é capaz de fazer desmoronar as muralhas mais assustadoras e rígidas, sabe por que? Porque, através dele passamos a entender até mesmo que essas aparentes “fortalezas” são construídas com o fim de proteger um interior sensível e que teme ser ferido (e que, quase sempre, já o fora por diversas vezes).

Somente o verdadeiro amor traz segurança, confiança, pois gera a espontânea ACEITAÇÃO pelo próximo, despretensiosa e desprovida de interesses, independente de quem ele é, o que faz e, até mesmo em que/quem crê ou deixa de crer. E desconfio que, para nossa feliz ou infelicidade, Deus fez cada pessoa com uma espécie de anteninha “detectora” de sinceridade.

Não se engane: para expressar sua capacidade ou FALTA de capacidade de amar não é necessário emitir uma opinião verbal - você deixará transparecer na expressão global do seu corpo - no seu olhar, nos seus gestos, na sua postura, e até na sua respiração!
Sabe aquela coisa que a gente sente e não sabe explicar: “não fui com a cara do fulano, mas não sei por que”...? É por aí! Quase que inconscientemente, somos “habilitados” a "ler" uma porção de coisas das quais tomamos “consciência” e “não sabemos por que”. Sexto sentido?? Não, apenas sensibilidade de percepção que, com maior ou menor grau de consciência, TODOS NÓS TEMOS!

Então, resumindo, o que eu quero dizer com isso é o seguinte: SE NÃO FOR PARA AMAR, NEM SAIA DO SEU LUGAR!

Antes de tomar QUALQUER atitude na sua vida, antes de dar o primeiro passo em direção a qualquer pessoa, pergunte-se se em você está habitando o amor sincero e verdadeiro, independente do quão semelhante ou diferente sejam as outras pessoas de você; e, se a resposta for “não”, saiba que qualquer ação da sua parte será INÚTIL! Não servirá para nada que edifique. Será perda de tempo, dispêndio vão de energia. Semelhante a um castelo construído sobre a areia, que vem a onda e derruba; ou como uma casa de palha, que facilmente é queimada pelo fogo ou destruída pelo vento.

E, agora, falando principalmente aos que compartilham da mesma fé comigo, convém lembrar que o que está escrito em I Coríntios 13 vale, PRINCIPALMENTE, quando você for pregar o evangelho. Saiba que, para quem está do outro lado, pouco importa no que você acredita, quando você chega com uma bagagem carregada de “pré-conceitos” e não é capaz de amar: você NUNCA será ouvido se, primeiramente, não puder amar as pessoas!! E elas não estão mais do que certas agindo assim, ao perceber isso. Porque o desafio primeiro que Deus quer de nós é esse: AMAR, AMAR, E AMAR! E não devemos nos conformar com o contrário.
Então, antes de falar de Jesus por uma questão de “descargo de consciência”, por “ter feito a sua parte”, saiba que está agindo de modo contrário àquilo que é a BASE de todas as atitudes que Ele teve e, portanto, de todo o evangelho: O AMOR!

Nós, mais do que ninguém, precisamos constantemente orar para que Deus coloque a compreensão, a revelação que somente o Seu sublime Amor pode trazer para as nossas mentes e corações. Enquanto não fizermos isso, continuaremos passando para a maioria das pessoas aquela “fé” que cheira à hipocrisia, à falsidade, a mero interesse próprio...e, por detrás das nossas “boas intenções”, o que estaremos fazendo não passará de envergonhar o Evangelho de Cristo e fazer com que cada vez mais pessoas queiram se ver longe dele...pela nossa falta de capacidade de AMAR! E, obviamente, aqui falamos em AMAR O PECADOR, e não o pecado, pois, o segundo já eliminaria a possibilidade de existência do primeiro.

Antes de qualquer, qualquer passo, oremos para que o amor que Jesus teve pela vida de todas as pessoas - pobres e ricos, crianças, adultos e velhos, doentes e sãos, prostitutas, ladrões, assassinos, ou quaisquer outros pecadores como nós - preencha cada parte do nosso ser, a fim de que possamos EXPRESSAR, EXALAR o bom perfume de Cristo, e que cada vez mais pessoas, espontaneamente, queiram saber como se achegar a Ele!

Se não for para amar, nem saia do lugar! Sem amor, qualquer gesto seu se torna INÚTIL!