"O que você deve realmente perseguir na vida são as poucas coisas que, em dias cinzas, acendem o brilho dos seus olhos, diante do desânimo, lhe fazem prosseguir, e, mesmo na tristeza, são capazes de arrancar um sorriso do seu rosto." (Natalie Laux)
27 de junho de 2011
Superficialidade e projeção
Relacionamentos superficiais são o terreno mais fértil para a projeção. Neles, qualquer um pode ser sempre legal e amável. De longe, qualquer um pode ser bonito, normal e perfeito. Bom, eu não quero ser vista assim.
Eu quero o direito de mostrar que erro e sou capaz de magoar, por mais que me esforce para fazer o contrário. Que tenho limitações e que, em alguns momentos, a verdade é que não sirvo de exemplo a ser seguido. Que, na condição de ser humano, sou base frágil demais para que todos os sonhos de outro sejam depositados sobre mim - pois, quando eu cair (e isso vai acontecer), eles irão ao chão; e eu não quero que isso aconteça...
Eu quero ser amada apesar do meu lado feio: aquele lado que nem eu mesma gostaria de ver, exceto por me tornar mais humilde. Mas não quero carregar o fardo de ser vista com perfeição por alguém; de suprir ou superar todas as suas expectativas - esta seria uma exigência desleal. Portanto, não prometerei nada mais - como também não me comprometerei com nada menos - do que, sinceramente, me esforçar, a cada dia, em ser melhor.
Eu quero relações reais, e não contos-de-fadas; profundas e com pessoas de verdade: humanas e limitadas como eu. Porque é de perto que a gente enxerga as menores imperfeições; é na intimidade que a gente descobre o outro e se descobre. E somente onde, também, a gente descobre o que é amar.
Se disposto a amar somente o bom e o bonito, poderia receber qualquer outro nome, menos o de "amor". O cultivo do amor envolve o esforço de plantar a semente, a paciência de esperar a flor brotar, a tolerância para suportar os espinhos e a persistência de regá-la diariamente para que não desfaleça. Se não está disposto a fazer isso, não o desperte; nem espere colher os seus frutos.
Quem não tem relacionamentos profundos é um ponto de interrogação para si mesmo. E jamais receberá a bênção de perdoar ou ser perdoado: de dar e receber a chance de tentar acertar numa próxima vez. Quem viver de relacionamentos superficiais, não experimentará, jamais, o amor no seu sentido pleno.
Portanto, espere de mim profundidade, envolvimento, transparência. Mas também tolerância, lealdade, empenho. No entanto, por favor, lembre-se: se pretende viver na "superfície", este é um lugar que só visito de passagem e no qual eu não sobreviveria mais do que poucos instantes. Eu admiro o lado de fora, mas não aprendi a não mergulhar: o que me fascina é a beleza e a trama do que está nas profundezas. Eu não aprendi a não olhar para dentro.
P.S: foi a partir desta reflexão que escrevi o seguinte trecho, já anteriormente postada aqui no blog: "Eu sou pássaro que migra para outros pólos quando alguém tenta cortar as asas da minha liberdade de pensar! E, simultaneamente, peixe que não sobrevive muito tempo na superfície: meu habitat natural são as profundezas e, para me encontrar verdadeiramente,é preciso fôlego e ousadia para uma imensa viagem a mergulho."
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