13 de fevereiro de 2015

Uma reflexão e um desabafo

Eu, que sou da geração em que os amigos se reuniam em casa ou saíam juntos simplesmente pelo prazer de se estar junto; em que telefone só servia pra marcar o horário de buscar o outro ou de encontrá-lo em algum lugar; em que as amigas se reuniam pra "dormir" (passar a noite conversando) uma na casa da outra...
Eu, que sou do tempo onde os olhos, a entonação da voz, as expressões faciais e das mãos faziam parte da conversa... Que tive uma infância e adolescência onde as amigas trocavam cartas (literalmente), mesmo sabendo que iam se ver no final de semana seguinte, pra dizer o quanto uma era especial pra outra, pra fazer uma homenagem ou compartilhar uma mensagem legal que viu por aí (sim, isso acontecia há 15 anos atrás e passa um filme de boas lembranças, que dá gosto de ter vivido, na minha cabeça)...
Eu sou feliz por ter feito parte do que hoje percebo ter sido talvez a ÚLTIMA geração a ter o privilégio de experimentar o que são relacionamentos verdadeiros!
Mas fico profundamente triste por estar falando de tudo isso no passado.
Hoje, estou me sentindo perdida.
Estou, definitivamente, sem saber como agir numa era onde as pessoas são viciadas em relacionamentos virtuais e superficiais, ocupadas demais (com o que não importa) para estabelecer vínculos profundos, pra andar junto e ouvir o outro com atenção integral. Assumo meu fracasso ao não saber lidar com uma geração preguiçosa e impaciente ao ponto de não mais conseguir conversar, não só pessoalmente, mas nem sequer, por chat's. Duvida? Escreve mais de 5 linhas e espera pra ver se alguém vai ler ou retornar.
Estou honestamente preocupada com o fato de que ainda pode piorar, e me sentindo um peixe fora d'água (imagino que não seja a única). Fui muito "mal" (bem) acostumada para conseguir me conformar com tão pouco. Me vejo tentando - por vezes, desesperadamente - resgatar valores e princípios que foram trocados por migalhas, com que as pessoas percebam o que estão perdendo, encorajá-las a irem além e... pra minha surpresa, às vezes até recebo um rechaço por isso. Sim, isso é querer demais, nos tempos atuais. Como ousa "exigir" tanto? É, eu devo ser mesmo muito retrógrada (olha o tamanho deste texto!).
Mas, como diz uma música dos Titãs: "eu não vou (e não quero) me adaptar".

(Texto escrito em Novembro/2014)

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